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Poder executivo participa do I colóquio sobre memória de assentados realizado pela Unesp Rosana
Atividades envolveu exposição de fotos, objetos, documentário “Da estrada para o lote” e roda de discussão
A Universidade Estadual Paulista – UNESP Campus de Rosana realizou na manhã desta última sexta-feira (14) o I Colóquio sobre os Saberes, Fazeres e Dizeres do Campo. O evento contou com a participação do Prefeito Silvio Gabriel, o vice- prefeito Valdir Ferreira, o Secretários Leandro Muller, Elisa Carla Bosquê e Kennedy Gabriel.
“Na hora do banho? A gente fazia assim: um banheiro de lona, ali esquentava a água, tudo na base da caneca...” relatos como este da assentada Amerentina Carneiro de Matos que conta parte da história do Museu do Assentado.
O Município de Rosana se caracteriza com a luta dos assentados, e, o I Colóquio sobre os Saberes, Fazeres e Dizeres do Campo relembrou esta historia através da exposição de fotos, objetos e a apresentação do documentário intitulado "Da Estrada para o Lote".
O filme exibido tem duração de 00h34min, que manifesta relatos de cinco entrevistados que evocaram suas memórias sobre o período de acampamento, ocupação e reforma agrária. Esses entrevistados são dos assentamentos Gleba XV de Novembro (1985), Bonanza (1998) e Porto Maria (2008).
O documentário foi produzido pelos pesquisadores da Iniciação Científica "Turismo cultural rural: O Museu do Assentado no município de Rosana-SP", financiado pela FAPESP 2017-2018, em parceria com o Grupo PET Turismo e o Grupo de Estudos e Pesquisas em Turismo no Espaço Rural-GEPTER, que vem sendo realizado desde 2014 no município, coordenado pela Profª Dra Rosangela Custodio Cortez Thomaz.
De acordo com autor Leonardo Giovane Moreira Gonçalves, o Projeto Museu do Assentado surgiu como uma pesquisa e hoje faz parte de sua história. “Acabei me envolvendo tanto com esse objeto de estudo, que ele não é mais um objeto, ele faz parte da minha vida, parte do que eu construí e do que vou deixar para essa cidade. Neste tempo que estou no Município, o Museu é um pouquinho daquilo que pude contribuir e, esta pesquisa tem nos dado bons frutos, principalmente para as pessoas que estão por traz”. Relata o autor.
O evento faz parte do projeto de iniciação científica “Museu do Assentado”, que desde 2015 realiza a inventariação do patrimônio material e imaterial dos assentamentos do município e região. Os objetos expostos remontam ao cotidiano das famílias, bem como utensílios de preparo de alimentos, ferramentas agrícolas, bandeiras e outros. O acervo do museu conta com pouco mais de 50 objetos, como enxadas, foices, câmera fotográfica, máquinas de costura, moedores de milho, carne, café, panelas, lamparinas, lampiões, fogareiros entre outros objetos.
Para a assentada, Vera Lucia o Museu do assentado traz recordações da luta pela terra “hoje o assentamento traz dignidade, moradia e sustentabilidade para as famílias. O Museu trará muitas recordações, pois, nossos netos poderão ver a realidade que foi a luta pela terra, que é a reforma agrária. Que vale a pena”, relata.
Além dos objetos, o acervo digital possui cerca de 400 fotos que remontam aos períodos de acampamento, reforma agrária, infância, festas, eventos, manifestações, cotidiano, casamento, batizados, celebrações e cotidiano escolar. O direito dessas fotos foi concedido ao Museu também pelos 27 entrevistados e também pela Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP).
Para o Prefeito Silvio Gabriel "Tivo" o trabalho vem para somar. "Estão de parabéns! Relataram a vida e cotidiano dos municípes que vivem no rural, com o passado a gente compreende o presente e vive o futuro. Esse material aqui exposto tem historias, sentimentos e muita luta. Os assentados merecem este reconhecimento". Pontua o prefeito.
"Quando o [sic] Leo chegou com a proposta, me senti valorizada, pois, a mulher do campo é muito esquecida, e uma universidade como a UNESP, se preocupar com as mulheres, é muito gratificante. É emocionante poder voltar ao passado e contar como foi a nossa trajetória, o projeto superou minhas expectativas, pois contar nossa história é contar o sofrimento e da nossa luta. Hoje vendo e recordando tudo que vivenciamos é emocionante” pontua a assentada Helena Francisca de Carvalho Pino, 58 que realizou a doação de uma máquina fotográfica e uma sanduicheira para o futuro Museu do Assentado.